segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Remédio da Felicidade

O mundo capitalista talvez tenha sido o maior propulsor do individualismo; mas também criou alguns remédios para amenizar as contra-indicações de uma sociedade regida pelo prazer imediato.



A discoteca (ou boate - como é chamado este lugar em alguns lugares fora de São Paulo) é um desses remédios: pode ser a solução paliativa para diversos problemas: solidão, tédio, niilismo; mas também pode ser a causa do problema.



Os motivos para freqüentarmos discotecas são variados: tédio de ficar em casa ou aniversário de amigos, normalmente.



O ritual deve começar com um bom banho, perfume e a escolha da roupa, que tem que ser da moda. Pronto!



Acontece, que não existe nada mais insignificante na vida de um adulto do que uma noitada numa discoteca.



O som é sempre inversamente proporcional: qualidade X volume.



As pessoas são todas maravilhosas e narcisistas, a não ser aquela gordinha meia sem graça no canto da pista, ignorada pelos homens e observada com ironia pelas “biscates” com as madeixas tingidas e com saias tão curtas que poderiam ser confundidas com outros tipos de garotas se andassem a pé.



Numa discoteca ninguém se conhece, nem quer se conhecer...o objetivo é atrair o sexo oposto da forma mais egoísta possível, satisfazendo a si mesmo de uma forma tão instintiva que as palavras tornam-se desnecessárias.



Aliás, palavras gritadas no ouvido do outro durante a execução dos bate-estacas musicais não podiam mesmo surtir efeitos, o que se tem então são diálogos tão fúteis quanto os seus personagens.



O envolvimento é tão superficial que raramente dura mais que uma noite, mas nem sempre acaba ali.



A discoteca pode entretanto ser um belo desafio para os namorados, cronometrando o tempo em que o casal consegue ficar no recinto sem brigar por ciúmes; principalmente quando algum desconhecido, já um tanto alterado pela bebida, venha à investir lá pelas tantas horas, em garotas acompanhadas.



No momento da abordagem vale tudo: não apenas palavras gentis, mas também o toque; do tipo puxar pelo braço ou tentar um beijo forçado.



Acho que é hormônio demais para mim, tendo a preferir um bom papo em uma mesa de bar.



Mas, nem por isso deixo de freqüentar discotecas, esse é mais um daqueles remédios do capitalismo: não cura a doença, mas alivia a dor....






Escrito por Wagner Jr. às 06h15

Um comentário:

  1. Belo texto Dábliojunior!
    É a mutação do ser humano em produto fundamental para o sistema: um papel higiênico perfumado.
    Aquela luz,
    David
    http://davidkitner.blogspot.com

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