segunda-feira, 27 de julho de 2009

A TV que o Arnaldo Jabor não quer

Quando Lord Macaulay decretou a imprensa como quarto poder, em 1828,
ele não estava errado, mas talvez não tivesse consciência do poder que
ainda teriam os grandes conglomerados comunicacionais no século XXI,
superando muitas vezes o poder dos três outros poderes juntos, não só
interferindo em suas dicisões como delineando a agenda da Congresso e
do Poder Executivo, principalmente.

A ideia de "quarto poder" surgiu inicialmente como um elemento externo
aos outros poderes constituídos, atuando como um órgão fiscalizador da
sociedade, ou auto-representado por ela.

Para que emanacesse na sociedade um quarto poder fiscalizador e
independente foi que surgiu ainda no século XIX a Teoria Libertária,
que pregava a "Liberdade de Expressão" acima de tudo.

Essa "Liberdade de Expresão" foi garantida por todos os países
democráticos e inserida na primeira emenda à Constituição
Norte-americana que garantiu "a liberdade de expressão e de
imprensa".

Mas essa liberdade até hoje nunca foi total, apenas os detentores do
capital e donos das grandes indústrias de informação e do
entretenimento tiveram esse direito, que não foi estendido nem mesmo
aos jornalistas, obrigados a pautar o que é de interesse do veículo de
comunicação em que trabalham.

Talvez por este motivo os ouvintes da rádio CBN tenham se deparado
algum tempo atrás com o brado de um de seus principais comentaristas
(Arnaldo Jabor) contra a idéia de criação de uma nova rede de
televisão pública no Brasil.

Em um discurso inflamado em rede nacional ele criticava como de
costume o governo Lula e afirmava que a criação da TV poderia ser um
atentado à democracia como ocorre (segundo ele) em Cuba e na
Venezuela.

Visando garantir o seu emprego como porta-voz da Rede Globo, Arnaldo
Jabor afirmava ainda que o interesse do governo era o de ludibriar os
> telespectadores com propaganda governamental, igualzinho já fez e
ainda faz a emissora em que ele trabalha.

Mas não é bem assim, o famoso jornalista da CBN esqueceu de pesquisar
outros países bem mais desenvolvidos e capitalistas que o Brasil.

Talvez ele não tenha se lembrado que a melhor TV do mundo (segundo o
professor Lalo Leal) é uma estatal inglesa: a BBC.

Todos os países desenvolvidos do mundo possuem emissoras estatais, o
que não quer dizer governamentais.

Só para citar alguns exemplos: Portugal (RTPI), França (TV5), Espanha
(TVE), EUA (TVS) e assim por diante.

Aliás, diga-se de passagem, a melhor programação cultural-educativa
mesmo aqui no Brasil tem sido feita por emissoras não-comerciais (TV
Câmara, TV Senado, TVE etc.).

É verdade que o governo brasileiro já possui uma empresa de
comunicação que é a Radiobrás, mas esta empresa estatal está
sucateada, com equipamentos velhos e funcionários mal pagos, além de
possuir apenas uma emissora em Brasília e nehuma filiada.

A idéia do ministro Hélio Costa (Comunicações) é de aproveitar a
estrura já existente da Radiobrás e ampliá-la para que possamos ter
uma TV de qualidade, como nos países mais desenvolvidos do mundo.

Para que isso seja feito, é preciso investimento, claro...mas este
investimento retorna para a sociedade na forma de informação de
qualidade, que só existe longe dos interesses comerciais.

Mas, uma emissora estatal forte com programação de qualidade é claro
que a Rede Globo não vai querer, nem o Arnaldo Jabor.



Wagner Jr.

Radialista e Jornalista

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